quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Perto da primeira final, Oscar afirma: ‘Mostrei que posso ser o camisa 10'

A fala é mansa. Do menino de Americana, no interior de São Paulo. Sem alarde, foi assim que o apoiador Oscar conquistou a confiança de Mano Menezes na primeira vez que foi escalado como titular da seleção brasileira, em maio de 2012, na vitória por 3 a 1 sobre a Dinamarca, em Hamburgo, na Alemanha. E o debute foi logo com a camisa 10. De lá para cá, até culminar na decisão do torneio masculino de futebol das Olimpíadas, neste sábado, às 11h (de Brasília), contra o México, em Wembley, foram dez jogos, dois gols e três assistências.

Mas o fato ser o camisa 10 de uma das seleções mais badaladas do mundo não assusta o apoiador. Ele assume a responsabilidade. E até gosta. Costuma afirmar nas entrevistas que prefere não dar um peso maior ao número. Diz que o segredo está em manter o padrão do trabalho. E tem dado certo.

OScar brasil gol bielorrussia futebol londres 2012 (Foto: Agência Reuters)Camisa 10 da Seleção não tem pesado para Oscar (Foto: Agência Reuters)

- Cada um tem a sua oportunidade e desde que eu tive a minha não saí mais mesmo. Aproveitei a minha chance contra a Dinamarca, mostrei que posso ser o titular, que eu posso ser o camisa 10. Estou fazendo isso bem e espero que eu continue desta maneira nas próximas partidas.

Recém-contratado pelo Chelsea ao Internacional por R$ 95 milhões, Oscar prefere não entrar em detalhes da ida para o clube londrino. Só quer pensar em sua primeira decisão com a camisa da Seleção. Mas não deixou de comentar a escolha da diretoria dos Blues que o presentearam com a camisa 11, número utilizado pelo marfinense Didier Drogba, atacante do clube entre 2004 e 2012.

- É como se eu fosse jogar com a camisa 10 da Seleção. O Chelsea é um time grande e eu não posso ficar pensando que vou lá jogar com 11 do Drogba. Vou para o Chelsea fazer o melhor e tenho certeza que pensando dessa maneira vou jogar tão bem como tenho feito aqui na Seleção.

Na entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM a dois dias da decisão das Olimpíadas, Oscar falou da expectativa pela partida, da curiosidade de atuar em Wembley e da importância de São Paulo e Internacional em seu crescimento profissional. O jogador revelou ainda as brincadeiras com o atual diretor de Seleções da CBF, Andrés Sanches, ex-presidente do Corinthians, meses antes da disputa do Mundial de Clubes da Fifa.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Oscar:

GLOBOESPORTE.COM: Quando foi chamado pela primeira vez por Mano Menezes para a Seleção, você colocou alguma meta já pensando no futuro?
Não só naquele momento, mas desde que eu fui convocado pela primeira vez. Sempre quero estar jogando, sempre quis estar onde estou hoje, que é disputando uma final de Olimpíadas. É legal, importante. Lógico que no começo você precisa esperar a sua oportunidade. Esperei a minha, deu certo e espero fechar essa primeira parte com chave de ouro.

Qual camisa 10 da Seleção mais te marcou quando era criança?
Vi mais o Rivaldo e o Ronaldinho. Quando éramos pequenos, sempre quis ser jogador. Torcia muito para o Brasil em todos os jogos que eu ia via. Realizei um sonho quando fui para a Seleção pela primeira vez e desde então sempre quis melhorar a cada partida. Esses jogadores marcaram a minha geração. Foram campeões do mundo. Sempre fui fanático pela Seleção e hoje estou representando o meu país em uma final de Olimpíadas.

Cada um tem a sua oportunidade e desde que eu tive a minha não saí mais mesmo. Aproveitei a minha chance contra a Dinamarca, mostrei que posso ser o titular, que eu posso ser o camisa 10"

Oscar

Qual a importância do Internacional em sua chegada à Seleção?
Muito importante. Comecei a ser titular no Internacional e isso me ajudou a estar onde eu estou agora.

D´Alessandro é o seu grande amigo no Beira-Rio?
Sim, ele é um dos meus grandes amigos. Mas não só ele. O Guiñazu, o Damião, o Bolivar... Não tem apenas um. Tinha grandes amizades, sempre fui feliz desde que eu cheguei e vou levar isso para sempre.

Ficou alguma mágoa do São Paulo após a sua saída e, em seguida, por conta do problema na Justiça que o impediu de jogar?
Não tenho mágoa. Se não fosse o São Paulo eu não estaria aqui. Eles me deram a chance quando cheguei lá aos 12 anos. O São Paulo me ajudou a estar aqui hoje, agradeço pela formação que eu tive, e ao Internacional pela chance de ser titular e ter despontado para estar aqui na Seleção.

Logo que retornou aos gramados após o problema na Justiça, você comemorou o primeiro gol pelo Internacional dizendo a seguinte frase: “Aqui, sim! Lá, não”. Foi um desabafo por tudo o que passou antes?
Comemorei apenas um gol assim. Estava uns jogos sem jogar por conta do problema com o São Paulo. Quando voltei a jogar foi um desabafo porque eu queria estar em campo. A torcida do Internacional sempre me apoiou e acabei vibrando daquela forma no momento do gol.

Qual treinador foi mais importante no desenvolvimento da sua carreira?
Desde o Muricy, que me promoveu aos profissionais, ao Dorival... Todos foram importantes. Respeito todos os treinadores que eu trabalhei.

Falando em Dorival, você criou uma amizade com o filho dele, não foi?
Minha esposa ficou amiga da esposa do Lucas e acabamos criando esse laço. Somos amigos até hoje. No futebol se constrói muitas amizades. Não é só porque ele é filho do meu treinador que não vou ter amizade com ele.

Oscar, Futebol, Brasil e Honduras (Foto: Agência Reuters)Oscar se apresenta ao Chelsea após os Jogos
Olímpicos (Foto: Agência Reuters)

O Chelsea acabou de acertar a sua contratação... Qual vai ser a importância dos brasileiros que atuam por lá para a sua adaptação?
Vai ser bem importante. Eles vão ajudar muito por conta da amizade. Me dou muito bem com o David Luiz. Antes mesmo de eu ser chamado para a Seleção, eu já o conhecia. Ele vai ser importante nesse período de adaptação.

E o Mundial de Clubes da Fifa? Já pensou que no fim do ano terá mais uma competição de peso para disputar?
Será mais um torneio importante, mas, por enquanto, estou focado na final das Olimpíadas. O foco é outro. Depois que eu for apresentado pelo Chelsea é que vou ver os campeonatos que o clube vai participar nesta temporada. E, no fim do ano, pensar no Mundial de Clubes.

O Andrés Sanches (diretor de Seleções da CBF e ex-presidente do Corinthians) tem falado da disputa do Mundial com o Corinthians?
O Andrés já fez umas brincadeiras, mas ele sabe que não estou pensando nisso agora. Ele falou apenas quando soube que eu acertei com o Chelsea. Mas aposto que vai fazer outras brincadeiras quando o Mundial estiver se aproximando.

A Inglaterra é cheio de estádios míticos. Old Trafford, St. James Park, Anfield... Neste sábado, a decisão das Olimpíadas será em Wembley. Você tinha curiosidade de conhecer o estádio?
Tenho curiosidade de conhecer porque é um dos maiores estádios do mundo. Vai ser palco de uma grande final, vai ser bacana buscar a vitória e a medalha de ouro em um estádio como esse. Além de ser um belo estádio, vai receber um belo jogo de futebol. Espero que o Brasil seja o vencedor.