terça-feira, 21 de maio de 2013

Comentarista Renato Marsiglia é contra o sorteio de árbitros

Os erros de arbitragem recente contra o Corinthians, que contribuíram para a queda da equipe paulista na Taça Libertadores, e a questão envolvendo o agora ex-árbitro Rodrigo Braghetto, que foi afastado da decisão do Campeonato Paulista por ser sócio de uma empresa que presta serviços de arbitragem ao Timão, jogaram luz na questão da arbitragem no Brasil.

O “Arena SporTV” abriu o espaço para que Marcos Marinho, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, Renato Marsiglia, ex-árbitro e comentarista de arbitragem da TV Globo e Rodrigo Braghetto discutissem a questão. Marsiglia se mostrou totalmente contrário ao sorteio para escolher quem vai apitar qual jogo.

- O sorteio é uma excrescência. É um absurdo, não trouxe nenhum benefício ao futebol, pelo contrário. Só trouxe prejuízo. O árbitro que ficar sem apitar dois meses perde condicionamento. Ele apita muito por instinto e reflexo condicionado. E isso ele só adquire se apita de forma constante. Você não coloca o melhor árbitro no jogo mais importante – afirmou Marsiglia.

árbitro Carlos Amarilla Corinthians x Boca Juniors (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Carlos Amarilla teve arbitragem contestada no jogo contra o Boca (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

De acordo com o Estatuto do Torcedor, porém, o sorteio se tornou obrigatório a partir do dia 15 de maio de 2003. Diz o texto: “Os árbitros que apitarão partidas oficiais deverão ser selecionados previamente e escolhidos mediante sorteio a ser realizado 48 horas antes de cada rodada, em local e data previamente definidos e aberto ao público”. Mas isso não convence Marsiglia. O ex-árbitro também pontua que o fato de haver sorteio não anula a possibilidade de corrupção.

- E dizer que o sorteio resolve o problema da desonestidade. O Caso Edílson, um dos maiores escândalos do país em termos de arbitragem, aconteceu depois (da utilização) de sorteio. Você tem que acreditar no cidadão. Se não acredita, não coloca. Mas o sorteio é feito 48 horas antes. E para quem é desonesto, 48 horas é tempo mais do que suficiente para armar um resultado – emendou.

Responsável por cuidar das arbitragens no estado de São Paulo, Marcos Marinho diz ser indiferente à condição do sorteio.

- Eu tenho condições de ter um quadro (de árbitros) maior. Tenho participando do sorteio, 25 árbitros. Quem foi sorteado, não participa do próximo (sorteio). São dez jogos por rodada, tenho 15 árbitros para participar do sorteio. Isso para que todos estejam sempre apitando. Ao final são 23 rodadas e a média é de oito jogos apitados por árbitro. Eu tenho hoje preparado para apitar clássicos, dez árbitros. Porque quem apita um clássico fica desgastado, não posso colocar o mesmo. Por isso temos que aumentar esse leque. Eu vejo a dificuldade que a CBF tem para fazer o sorteio. É tanta reclamação para colocar um árbitro para o jogo, que ali o sorteio é prejudicial para o espetáculo. Para mim, na FPF, ele resolve. Porque eu tenho material humano e tempo para trabalhar. Então, sorteio para mim, tanto faz como tanto fez – falou Marinho.

- O sorteio é tão inteligente que dos 204 países filiados à Fifa, só o Brasil tem. Sorteio é um prejuízo para a arbitragem – disparou Marsiglia.

- O sorteio coloca em dúvida o presidente da comissão, que não pode fazer o trabalho, fica engessado – concluiu Braghetto.