domingo, 16 de dezembro de 2012

Ainda magoado com Leão, Osvaldo festeja título e sonha com Seleção

Primeiro ano, primeiro título, metas alcançadas. A temporada 2012 não poderia ter sido melhor para o atacante Osvaldo. Contratado em fevereiro pelo São Paulo, por R$ 4,6 milhões, o cearense de 25 anos precisou ter paciência para não perder a cabeça com a indiferença que recebia do ex-técnico Emerson Leão, que não simpatizava com o seu futebol. Em alguns treinos, o baixinho não integrava sequer o time reserva. Fora da relação em algumas partidas, foi preciso muita conversa com os companheiros e com membros da diretoria para seguir trabalhando sem perder o ânimo.

Osvaldo mostra a medalha de campeão da Copa Sul-Americana (Foto: Marcelo Prado / GLOBOESPORTE.COM)Osvaldo mostra a medalha de campeão da Copa Sul-Americana (Foto: Marcelo Prado / GLOBOESPORTE.COM)

Tudo começou a mudar com a chegada de Ney Franco. O treinador adotou um esquema tático bastante ofensivo, com dois pontas abertos, e isso deu a chance que o jogador precisava para mostrar serviço. Logo, as boas atuações e os gols apareceram. Foi decisivo em jogos importantes, como na vitória sobre o Vasco, em São Januário, e no triunfo sobre o Cruzeiro, no estádio do Morumbi, ambos pelo Brasileirão. Na Copa Sul-Americana, coroou sua temporada marcando um dos gols da vitória por 2 a 0 sobre o Tigre, resultado que garantiu o inédito título para o Tricolor. Com a medalha no peito, o jogador ainda comemora.

- Foi um ano maravilhoso. Contra o Tigre, fiz um gol mais importante da minha carreira. É incrível você marcar em uma final de campeonato, com quase 70 mil pessoas no estádio e com a partida sendo transmitida para 70 países. Foi o meu primeiro título internacional e agora eu quero mais - afirmou o jogador.

Curtindo o bom momento, Osvaldo concedeu entrevista ao GLOBOESPORTE.COM em duas partes. A primeira, em sua casa, em São Paulo. A segunda, em Fortaleza, onde passa férias. O atacante abordou vários assuntos. Por mais que tenha tentado ser diplomático nas declarações, não conseguiu esconder a mágoa que sente de Leão. Fez vários elogios a Ney Franco, se esquivou ao falar sobre o interesse do Roma, da Itália, no seu futebol e ainda falou sobre o sonho de um dia vestir a camisa da seleção brasileira.

A seguir, os principais lances do bate papo com Osvaldo.
 

osvaldo são paulo treino (Foto: Luis Pires / VipComm)Osvaldo só conseguiu emplacar após a saída de 
Leão (Foto: Luis Pires / VipComm)

GLOBOESPORTE.COM - Você saiu do Ceará e deu um salto na carreira. Quando recebeu a proposta do São Paulo, sabia que era sua grande oportunidade?

Osvaldo - É uma oportunidade única poder chegar a um grande clube. Procurei manter o foco, fazer meu trabalho. Com o Leão, eu não tive tantas oportunidades. Mas as coisas mudaram com a chegada do Ney Franco. Tive a oportunidade de entrar e agarrei. O Ney foi o cara que me deu todo o apoio, mudou o esquema para que eu pudesse jogar. Tudo deu certo.

É nítido que você sente mágoa do Leão...

Eu sou um cara de grupo e sempre vou respeitar os treinadores. Mas é claro que fica um pouco de mágoa. O problema é que eu não fui testado, não tive oportunidades para mostrar meu potencial.

O que o Ney Franco mudou no São Paulo para que possibilitasse o seu crescimento?

Ele botou o Lucas aberto de um lado (direito) e eu do outro (esquerdo), fazendo uma função que hoje é muito difícil no futebol. Tenho de atacar e marcar. Nos primeiros jogos, tive muita dificuldade. Sofri porque não tinha força e precisava marcar. Mas com o decorrer do trabalho, eu e o (lateral-esquerdo) Cortez nos entrosamos. Com o passar dos jogos, o time foi crescendo.

Você evoluiu tanto que despertou o interesse do Roma, da Itália. O que dá falar sobre essa negociação?

Não depende só de mim. Negociações eu deixo com meu empresário. Eu procuro fazer o meu trabalho. É inevitável que, quando você atua bem em um grande clube como o São Paulo, acabe despertando interesse de clubes da Europa. Mas quero continuar aqui. Tenho meu objetivo de vestir a camisa da Seleção. Um dia, espero ser reconhecido mundialmente.

Você vai jogar sua primeira Taça Libertadores. Como está a sua expectativa?

Não muda muita coisa em comparação com as características da Copa Sul-Americana. São campeonatos parecidos. Na Libertadores, existem equipes de mais tradição, mas estaremos prontos. A experiência na Sul-Americana nos deu uma boa adaptação. Será um torneio muito difícil. Tem Atlético-MG, Fluminense, Corinthians, Palmeiras, grandes equipes do futebol brasileiro. Espero que o São Paulo possa vir forte também para buscar esse titulo.

Osvaldo comemora gol do São Paulo contra o Tigre, AP (Foto: Agência AP)Osvaldo comemora gol do São Paulo contra o Tigre, o mais importante de sua carreira (Foto: Agência AP)

Você acredita que sua responsabilidade aumenta com a saída do Lucas (vendido para o PSG, da França)?

O Lucas é um cara que, apesar da pouca idade, é meu ídolo. É um cara espetacular fora de campo também. Vai fazer muita falta ao nosso grupo. Mas eu creio que, com a chegada de outras peças, poderemos encaixar o time novamente. Ele vai conquistar o mundo lá fora e todos aqui ficarão na torcida.

Você citou que Seleção está nos seus planos. Você se sente preparado hoje para isso?

Com certeza. O São Paulo é um clube de peso e eu estou podendo representar bem essa equipe. Espero que possa aparecer uma chance também na Seleção, com o novo comando. Quero estar preparado para qualquer situação que aperecer daqui pra frente.