Vagnão e Ferrugem: são-paulinos em qualquer
terreno (Foto: Petterson Rodrigues)
Realizar o sonho de se tornar jogador de futebol não é tarefa fácil. Mais difícil ainda é encontrar quem consiga se profissionalizar no esporte e ainda defender o time do coração. Vagnão e Ferrugem, jogadores do São Paulo/Suzano, têm este privilégio, mesmo que em outro terreno. Atletas de futsal, os dois vão ficar na torcida pelo Tricolor, que pega o Atlético Mineiro pela primeira partida das oitavas de final da Libertadores, na noite desta quinta-feira.
Ambos assumem que são fanáticos são-paulinos desde a infância, cada um por um motivo diferente. Eles realizaram um desejo antigo ao vestir a camisa tricolor, mesmo trocando a maciez e o glamour dos gramados pela dureza e o quase anonimato das quadras de futsal.
- Torço desde pequeno, por causa do meu pai que também é são-paulino, assim como toda a minha família. Jogar pelo São Paulo é diferente, gostoso, uma sensação de sonho realizado - afirmou o fixo Ferrugem.
- Meu pai e meu irmão são corintianos e minha mãe não torce para ninguém. Alguém em casa tinha que ser esperto. Brincadeiras à parte, somos profissionais e independente de qualquer coisa temos que fazer nosso trabalho. Claro que poder vestir a camisa do clube que a gente torce é muito melhor - disse o goleiro Vagnão.
Dividir o tempo entre as obrigações de atleta profissional e a paixão de ser torcedor não é fácil, já que o São Paulo/Suzano dilsputa a Liga Paulista e a Liga Futsal simultaneamente e as partidas nos dois torneios normalmente ocorrem nas noites dos dias de semana, quando também são disputados os confrontos da Libertadores.
Fixo do São Paulo/Suzano também veste a camisa tricolor fora das quadras (Foto: Quarttus Marketing)
No último jogo da fase de grupos do torneio continental, quando o Tricolor derrotou o Atlético-MG por 2 a 0 e garantiu a classificação para as oitavas, os suzanenses entraram em quadra para encarar o Sertãozinho pela Liga Paulista. Após a partida, Ferrugem diz que foi 'voando' acompanhar o jogo do São Paulo.
- Já fiquei em Suzano mesmo, porque iríamos viajar no mesmo dia. Mas fiquei bem estressado, porque foi uma correria e quase não deu tempo de ver o jogo - afirmou o fixo, que afirma ter dado sorte ao Tricolor, já que esteve presente no Morumbi quando o time derrotou o The Strongest.
Mais tranquilo, Vagnão também aproveitou a estadia em Suzano para acompanhar o duelo brasileiro. Sossegado, o goleirão prefere assistir aos jogos do São Paulo sozinho.
- Iríamos viajar meia noite. Acabou o jogo contra o Sertãozinho e já voltei pra casa para assistir a partida. Gosto de assistir tranquilo, sem ninguém para encher o saco - contou Vagnão.
Após empate em 4 a 4 com o Sertãozinho, Ferrugem
correu para ver o Tricolor (Foto: Thiago Fidelix)
Outra dificuldade encontrada por Ferrugem e Vagnão é o convívio com os companheiros de time que não são são-paulinos. Enquanto o goleiro diz que as brincadeiras acontecem, sempre com respeito, o fixo sai do sério quando o assunto é o São Paulo.
- Os caras brincam, gostam de provocar, ainda mais porque sabem que eu perco a linha quando falam do São Paulo, mas é tranquilo - declarou Ferrugem.
Com bom humor, Vagnão acredita que seu companheiro de time, o ala Guerra, poderia ajudar a equipe na luta contra o Galo, uma vez que ele já foi jogador de campo, quando defendeu Inter de Limeira, Matonense e Bragantino, antes de trocar o campo pela quadra, em 2007. Ele também destacou um atleta dos gramados que cairia como uma luva no time de Suzano.
- No nosso time o Luis Fabiano seria uma boa para fazer os gols que estamos precisando e não têm saído - avaliou o arqueiro da equipe que está em quarto na Liga Paulista e ocupa a última posição (19ª) na Liga Futsal.
Faltando algumas horas para a partida mais importante do semestre tricolor, os dois jogadores do São Paulo/Suzano estão confiantes na conquista da vaga, cada um com sua mania, mas sempre defendendo o Tricolor, no campo ou na quadra.
- Quando se fala de Libertadores, o São Paulo sempre vem forte, ainda mais jogando o primeiro jogo com casa cheia. Agora que o time conseguiu a classificação do jeito que foi, vai crescer. Me reuni com a família e os amigos aqui em casa, mas não deu muita sorte. Quando cada um viu sozinho, o time ganhou. Vai continuar assim, cada um na sua casa - afirmou o supersticioso Ferrugem.
- Se vencer sem tomar gol as chances de se classificar são grandes. Se tomar um gol em casa acho que complica um pouquinho - disse Vagnão, que vai assistir ao confronto com os celulares desligados, ao lado do filho Gabriel, de 4 anos, também são-paulino.