Entre 2005 e 2008, o São Paulo viveu provavelmente o melhor momento de sua história, conquistando a Taça Libertadores e o Mundial de Clubes, em 2005, e o tricampeanato brasileiro em 2006, 2007 e 2008. Passada essa fase de fartura, porém, o time caiu. De 2009 para cá, desde a saída de Muricy Ramalho, cinco treinadores passaram pelo banco de reservas do Morumbi. Um a cada cinco meses, em média. Nenhum deles conseguiu resultados expressivos e, pior, a cada ano que passa, a performance do time vai piorando (veja o desempenho dos técnicos abaixo).
Ciranda: Ricardo Gomes, Baresi, Carpegiani, Adilson e Leão. Nenhum emplacou (Foto: Globoesporte.com)
Mesmo com tantas mudanças de perfil no comando e sem conseguir sucesso, o presidente tricolor, Juvenal Juvêncio, não mostra preocupação com as trocas que fez no comando da equipe. Ele justifica dizendo que a safra de técnicos no Brasil é ruim.
- Eu não tenho culpa se um jogador funciona lá e não funciona aqui. Futebol não se ensina na escola. A diretoria do São Paulo pensa bastante, mas o Brasil não é brilhante em técnicos, somos brilhantes em jogadores. Eles têm nome, mas causam outros problemas. É difícil esse momento. É penoso contratar técnico - afirmou o dirigente.
O Brasil não é brilhante em técnicos"
Juvenal Juvêncio
Comandante tricolor no tricampeão nacional (Paulo Autuori foi o técnico nos títulos continental e mundial), Muricy se desgastou demais com a eliminação da equipe na Libertadores de 2009. Foi demitido em uma sexta-feira, dia 19 de junho. No dia seguinte, Ricardo Gomes foi anunciado como substituto. Com trabalho reconhecido no futebol europeu, Ricardo era considerado nome ideal. Pode-se até dizer que ele fez um bom trabalho, levando o time até a semifinal da Taça Libertadores de 2010 - o time acabou eliminado pelo Internacional, que venceria a competição. Com a queda na Libertadores, porém, o treinador foi muito pressionado pela torcida, e a diretoria optou por não renovar o vínculo, atendendo aos torcedores.
Veio então a maior ousadia da gestão de Juvenal Juvêncio, no início do segundo semestre de 2010. Com o discurso de que era preciso pensar em algo novo e, principalmente, apostar nas categorias de base, o presidente resolveu efetivar o técnico do time sub-20, Sérgio Baresi. Ele tentou inovar, com treinos diferentes e um sistema no qual cada atleta recebia informações impressas e por vídeos dos adversários. Durou apenas três meses. Perdida, a diretoria resolveu apostar em Paulo César Carpegiani, que já tinha feito um bom trabalho em 1999, quando levou o time até as semifinais do Campeonato Paulista e do Brasileirão.
No São Paulo, Muricy conquistou três Brasileiros
(Foto: Gaspar Nobrega / Vipcomm)
Dos cinco técnicos pós-Muricy, Carpegiani é o que tem melhores números. Chegou para a reta final do Brasileiro de 2010 sabendo que a classificação para a Libertadores viria apenas por milagre. No Paulista de 2011, foi eliminado pelo Santos. Na Copa do Brasil, começou a cavar sua sepultura com a eliminação diante do Avaí e a discussão acalorada com Rivaldo, quando chegou a chamar o veterano meia de "mau caráter". Durou poucos jogos mais e, no começo do Campeonato Brasileiro, foi demitido para a chegada de Adilson Batista.
Começava a terceira passagem do treinador pelo futebol paulista. Ele tinha a obrigação de, na equipe do Morumbi, apagar a péssima imagem deixada pelos trabalhos ruins feitos em Santos e Corinthians, entre o fim de 2010 e o início do ano passado. Muito elogiado pelos atletas pela forma de trabalhar no dia a dia, Adilson não conseguiu traduzir a eficiência nos treinos em bons resultados. Foi demitido após uma derrota por 3 a 0 para o Atlético-GO.
A essa altura, Juvenal sentenciou que o problema não era o comandante e sim, o perfil do grupo, que precisaria ser mudado. Primeiro, decidiu por um técnico conhecido por ter pulso firme para colocar os jogadores na linha: trouxe Emerson Leão, cuja principal missão seria sacudir o elenco. A princípio, Leão apenas preencheria a vaga por dois meses. Terminaria o Brasileiro e, a partir de janeiro, a diretoria partiria em busca de um novo técnico.
Os resultados não apareceram, mas o treinador ganhou mais uma chance e teve seu contrato renovado para 2012. Conforme prometido, Juvenal reformulou o elenco. Mas Leão conseguiu fazer o São Paulo entrar nos eixos. Sofreu ingerência do presidente, que determinou o afastamento do zagueiro Paulo Miranda, em má fase, e ainda amargou as eliminações no Paulistão, diante do Santos, e na Copa do Brasil, para o Coritiba. Na última terça-feira, uma semana após a derrota para o Coxa, o técnico foi dispensado. Agora, o Tricolor busca um novo comandante. Resta saber quanto tempo o substituto vai durar à frente do time do Morumbi.
Desempenho dos técnicos à frente do São Paulo desde a 'Era Muricy' | |||||||
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Técnico | Jogos | Vitórias | Empates | Derrotas | Gols pró | Gols contra | Aproveitamento |
Muricy Ramalho | 364 | 197 | 101 | 66 | 629 | 353 | 63,37% |
Ricardo Gomes | 73 | 38 | 15 | 20 | 117 | 75 | 58,90% |
Sérgio Baresi | 14 | 5 | 4 | 5 | 18 | 23 | 45,24% |
Paulo César Carpegiani | 47 | 30 | 4 | 13 | 79 | 50 | 66,67% |
Adilson Batista | 22 | 7 | 9 | 6 | 35 | 30 | 45,45% |
Emerson Leão | 44 | 26 | 6 | 12 | 82 | 49 | 63,64% |