Bruno Quaresma
Publicada em 25/07/2012 às 08:08
São Paulo (SP)
Dividir o quarto na concentração não é problema para Rafael Toloi e Douglas. Os dois cresceram juntos no Goiás e, na adolescência, o zagueiro era presença constante na casa do lateral-direito. Agora juntos no São Paulo, eles voltam ao Serra Dourada nesta quarta-feira para o duelo com o Atlético-GO, às 21h50 (com transmissão em tempo real pelo LANCENET!) .
Natural de Glória d’Oeste, pequena cidade no interior do Mato Grosso, Toloi chegou a Goiânia com 13 anos. Como morava sozinho, o defensor contava com a ajuda de toda a família de Douglas para viver na capital de Goiás.
– Quando cheguei em Goiânia, não conhecia ninguém. Eu e meu pai fomos de peito aberto para fazer o teste no Goiás e deu certo. Como aluguei um cômodo perto da casa do Douglas, acabamos nos aproximando e isso tornou nossa amizade maior – relembrou Rafael Toloi.
João Gerson, pai do lateral-direito, ressalta que os dois nunca deram qualquer tipo de trabalho. Brincavam juntos, mas nunca brigaram.
Para ajudar o Tricolor a voltar ao G4, Ney Franco depende, entre outros fatores, da boa atuação da dupla. E o esquema de três zagueiros agrada aos amigos. Na ala, Douglas tem mais espaço para atacar. Na sobra, Toloi está acostumado a jogar.
O entrosamento fora dos gramados interfere quando eles estão em ação com a camisa do São Paulo.
– Um já conhece ao outro e, só de olhar, às vezes, já sabe o que tem de fazer. É sempre bom ter uma pessoa que você conhece e tem a confiança dentro de campo – destaca Douglas.
Hoje, ambos com 21 anos, eles se conhecem bem, assim como cada pedaço do campo do Serra Dourada para levar o Tricolor à vitória.
Confira um Bate-Bola com Douglas, em entrevista exclusiva ao LANCENET!:
O que faziam no tempo livre?
A gente jogava video-game para passar o tempo, porque não tinha muito o que fazer. De vez em quando, íamos ao shopping para fazer algo diferente. Época de moleque era brincar na rua também, jogar bola, essas coisas assim.
O Rafael Toloi, por não conhecer a cidade, chegou a passar algum apuro lá em Goiânia?
Não passou nenhum apuro não. Até que se adaptou rápido à cidade e ao time. Com o tempo foi ganhando experiência e representou muito bem a camisa do Goiás, igual está fazendo aqui no São Paulo.
Ficou feliz quando soube que o Rafael Toloi iria ser seu novo companheiro de São Paulo?
Sim, bastante feliz. Tinha grandes clubes atrás dele e agora está aqui no São Paulo e fico feliz de estar jogando novamente com ele, e podermos estar ajudando o São Paulo ao mesmo tempo. É gratificante ter crescido junto com a pessoa, e agora vê-lo em um grande estágio do futebol brasileiro. Tenho certeza que ele vai mostrar no São Paulo isso da melhor forma.
No esquema com três zagueiros, sendo um deles o Rafael Toloi, você tem ainda mais liberdade para atacar. Por ser um jogador ofensivo, acredita que esse padrão de jogo melhora o seu futebol?
Ajuda bastante. É sempre bom ter liberdade para atacar. Com três zagueiros, quando olho para trás sempre tem alguém fazendo a cobertura, falando e ajudando. Não tem a preocupação de estar voltando rápido e marcando. E sim de estar ajudando a equipe lá na frente e marcar pressão. É uma tática que gosto de jogar, jogava assim no Goiás, e espero representar aqui no São Paulo da melhor maneira.
Confira um Bate-Bola com Rafael Toloi, em entrevista ao LANCENET!:
Você que tinha chegado em Goiânia, o que gostava de fazer?
A gente ficava mais em casa mesmo. Treinávamos em dois períodos no Goiás. Começamos jovens, eu não sabia nem andar em Goiânia, saí de uma cidade muito pequena no interior do Mato Grosso. No começo, era brincadeira de moleque, ficava em casa ou na rua. Treinávamos o dia todo e ainda ia para a rua jogar bola. Isso era normal.
Como era a família do Douglas?
Conheci todo mundo. Todos humildes e boas pessoas. Meu pai fez amizade com o pai do Douglas. Então a gente se uniu bastante. Nós crescemos juntos e até por Seleção de base nós fomos juntos. Então isso foi importante para a nossa carreira. Hoje estamos em uma grande equipe e o que mais queremos aqui é conquistar títulos.
Você vai jogar na sobra dos três zagueiros. Gosta do esquema?
Facilita também. Quando subi, em 2009, para o profissional eram três zagueiros e eu jogava na sobra. Então não faz muita diferença. Independentemente de ter jogado com dois zagueiros ou três, o espírito que o time mostrou no último jogo foi muito importante.
Você conhece bem o Serra Dourada. Será complicado?
Temos que ser inteligentes para jogar no Serra porque é um campo muito grande. Fico feliz de estar voltando para lá. Espero que a gente consiga fazer uma grande partida e consiga os três pontos contra o Atlético. É uma equipe que joga há muito tempo junta. Alguns jogadores jogam há cinco anos juntos. Temos de jogar da mesma forma como jogamos no último jogo, ficar com a posse da bola, porque o campo é grande e, se tiver de correr atrás, vai ser complicado.
Com a palavra: João Gerson Pereira dos Santos, 48 anos, pai do Douglas:
"A relação deles é igual a de dois irmãos. Tem irmão que briga, mas eles, não (risos). Nunca brigaram entre eles, sempre se deram muito bem.
Gostavam de brincar muito na rua, jogavam bola o dia inteiro e, às vezes, iam passear no shopping aqui perto para fazer algo diferente do que sempre faziam.
Toloi estava sempre em casa. Minha mulher era quem cozinhava e lavava a roupa para Toloi, quando ele era pequeno, já que ele morava sozinho. Nós morávamos tipo em um local em que se alugavam barracos. Nós tínhamos um, Toloi ficava em um lugar perto.
A gente cuidava dele como se fosse um filho mesmo. Ele e Douglas tinham uma ótima relação e é muito bom ver os dois juntos até hoje, agora pelo São Paulo."