Vinte anos, 119 jogos disputados, 31 gols marcados. Como jogador profissional do São Paulo, Lucas tem pouco mais de dois anos de história para contar. A estreia ocorreu em 5 de agosto de 2010, no empate por 1 a 1 com o Atlético-PR, na Arena da Baixada. E, se o Tricolor garantir vaga na decisão da Copa Sul-Americana, em 47 dias, as arrancadas, os dribles insinuantes, os chutes de fora da área e os gols do camisa 7 vão se tornar passado. Dentro de 11, apenas 11 jogos, o garoto que foi negociado com o PSG por R$ 108 milhões vai se transformar em uma agradável lembrança.
Quem convive com Lucas no dia a dia sempre vê o meia-atacante de 20 anos de bem com a vida. Brincalhão com os companheiros, atencioso com os torcedores, ele só fecha a cara quando escuta uma palavra: despedida. Que ele ainda insiste em não incluir no seu vocabulário. Na conversa que teve com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM ainda no gramado da Ilha do Retiro, ele revelou que pensar na sua saída ainda o incomoda bastante.
- Não me pergunta isso. Não quero falar. Despedida é uma palavra triste. Ainda tenho muito a fazer pelo São Paulo. Quero colocar o time na Libertadores e conquistar o título da Sul-Americana. Depois, terei tempo para pensar no PSG – afirmou.
Lucas comemora um dos gols na partida do último sábado (Foto: Antonio Carneiro/Pernambuco Press)
Na vitória por 4 a 2 sobre o Sport, Lucas só não fez chover na Ilha do Retiro. Pela primeira vez, marcou três gols em um mesmo jogo pelo clube que o projetou para o futebol. A façanha deu a ele o direito de pedir música no Fantástico. E, sem pensar muito, emendou de primeira qual trilha sonora escolheria.
– Queria pedir aquela do Gonzaguinha que toca assim: “Viver e não ter vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz.” (o que é, o que é). Além de ser uma música que inspira bastante, é umas das preferidas da minha mãe. O que fiz em campo, sem dúvida, é para homenageá-la – ressaltou.
Os números mostram a importância de Lucas na equipe que hoje é comandada por Ney Franco. Quarto colocado na tabela, o Tricolor tem 58 pontos e 58,6% de aproveitamento. Se forem analisados apenas os jogos em que o camisa 7 esteve em campo (18 de 33), o índice sobe para 68,5%, maior que o do segundo colocado Atlético-MG (66,6%) e próximo ao líder Fluminense (72,6%). Entre suspensões e convocações para a Seleção Brasileira, o jogador perdeu quase um turno da competição.
A vitória não pode esconder as nossas falhas. Ainda queremos um título na temporada e precisamos corrigir alguns erros"
Lucas, meia-atacante
do São Paulo
Mesmo sabendo disso, a joia tricolor mantém a humildade.
– Sou apenas mais um. Não sou ninguém sem os meus companheiros. O importante é que o São Paulo vença. Fico feliz quando posso ajudar – disse.
A atuação de gala no Nordeste veio num momento em que Lucas estava incomodado. Acostumado a ver o camisa 7 como um dos protagonistas, o torcedor tricolor viu o jogador pouco aparecer na vitória sobre o Atlético-GO e na derrota para o Flamengo.
– Contra o Atlético, tive muita dificuldade para jogar a partir do momento em que levei uma pancada nas costas. E, no Rio, reconheço que não estava no meu melhor dia, assim como toda a equipe. Contra o Sport, joguei bem e marquei gols. E isso tira um peso. Mas o melhor de tudo foi a vitória, que nos deixou em situação ainda melhor no G-4 – analisou.
Apesar da pouca idade, Lucas esbanja personalidade.
– A vitória não pode esconder nossas falhas. Ainda queremos conquistar um título nessa temporada e, para isso, precisamos corrigir alguns erros que continuamos mostrando – avisou.