segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Zé Maria tenta parceria com grandes para reintegrar menores infratores

Tetracampeão paulista com o Corinthians e campeão mundial com a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, o ex-lateral Zé Maria está longe de querer abandonar o futebol. Aos 63 anos, o desafio do "Super Zé" é ajudar, por meio do esporte, menores infratores, internos na Fundação Casa (Antiga Febem) a se reintegrarem à sociedade.

Quando assumiu o cargo de coordenador, em 2005, Zé Maria criou a Copa Fundação Casa, que começou discreta, mas agora já conta com 85 equipes e 1.275 adolescentes. A final da competição acontece na abertura de um jogo do Campeonato Paulista. Durante uma eliminatória na última semana, em Jacareí, no interior paulista, Zé revelou seu próximo passo como orientador: firmar parcerias com grandes clubes para levar atletas que se destacarem para fazerem testes ao final do período de internação.

Alemão, 17 anos, interno da Fundação Casa (Foto: Filipe Rodrigues)Alemão, 17 anos, interno da Fundação Casa, quer chance para recomeçar (Foto: Filipe Rodrigues)

- Temos parcerias, que estão apalavradas com grandes clubes. Sempre que há jogadores de qualidade, nós encaminhamos. Já tivemos jogadores no São Paulo, Santos, Corinthians e Juventus. Seria legal oficializar isso e aumentar essas parcerias - diz o coordenador.

Zé Maria Corinthians (Foto: Marcos Guerra / Globoesporte.com)Zé Maria foi ídolo no Corinthians por 13 anos
(Foto: Marcos Guerra / Globoesporte.com)

A ideia de Zé Maria seria aumentar os acordos já existentes com equipes como Santos e Corinthians. A parceria atual prevê visitas periódicas ao memorial e avaliação técnica de atletas que se destacam. Por meio de sua influência, "Super Zé" já levou atletas e técnicos renomados, incluindo o técnico Tite, para dar palestras. Num futuro próximo, ele espera que a Fundação tenha uma sede só para os jovens atletas infratores. Facilitaria esse trabalho e expandiria as parcerias para avaliações.

- Ideia era fazer uma Casa diferenciada para jovens participarem do esporte, com estrutura própria. As coisas têm acontecido muito rápido. A sociedade tem nos recebido melhor e o trabalho tem dado ótimo resultado. O objetivo não é, apenas, formar atletas. Queremos disciplina e caráter, mas o esporte é uma alavanca importante para isso - disse.

Zé Maria iniciou sua história no Corinthians em 1970 e conquistou quatro vezes o Campeonato Paulista pelo clube: 1977, 1979, 1982 e 1983. Foi reserva de Carlos Alberto Torres na conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira, no México, em 1970.

Sonhadores

Temos parcerias apalavradas, mas seria legal assinar e aumentar essas parcerias"

Zé Maria - Coordenador na Fundação Casa

Um dos jovens que vê em Zé Maria a esperança de um futuro melhor é Alemão, 17 anos. No ano passado, ele foi apreendido por roubo e tentativa de homicídio na zona leste de São José dos Campos, interior paulista. Na Copa Fundação, ele é capitão e camisa 9 do time da unidade local. Diz ter jogado com Casemiro, ex-São Paulo e hoje, no Real Madrid B. O volante foi revelado jogando em campinhos de bairro de São José.

- Tinha futuro no futebol, mas embalo de outros colegas, entrei nessa vida e estou aqui (Fundação Casa). Sou meia-esquerda, um canhoteiro dos bons. É uma honra ver um cara que meus familiares vinham pela televisão. Ele conversa e nos elogia. Quem sabe até ele não me leva para algum lugar futuramente - diz.

Alemão poderá ter sua chance em maio, quando completa 18 anos e deve ser liberado. Mesmo que não consiga sua carreira no futebol, ele afirma que as palestras e os torneios de que participou o ajudaram a pensar em uma nova vida.

- Essa vida (de crimes) não leva a lugar nenhum. Tenho vários sonhos para correr atrás. Gosto de mexer com carros. Se não conseguir ser jogador de futebol, posso ter minha própria oficina - afirma.