quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ancelmo Góis afirma: 'O que vai ficar dessa Copa é a imagem da polícia'

Durante a Copa das Confederações, uma onda de protestos tomou as ruas brasileiras. Mesmo pacíficos em sua maioria, cenas de vandalismo e confrontos entre policiais e manifestantes exaltados tomaram conta do noticiário. Em algumas cidades-sede, a expectativa para os jogos deu lugar a um clima de tensão e os arredores dos estádios lembraram mais praças de guerra. Para Ancelmo Gois, colunista de O Globo, convidado especial do "Redação SporTV" desta quarta-feira, as imagens vendidas para o exterior durante a competição são impactantes e bem negativas.

- A gente se preparou para mostrar um Brasil mais fraterno, mais bonito, mais colorido… Mas, lamentavelmente, o que tem sido mais impactante são as imagens de polícia, de violência, de bomba e vandalismo. Lembram filme americano. São imagens muito fortes que entram em qualquer noticiário em qualquer parte do mundo. Eu acho que essa Copa das Confederações não tem passado uma imagem positiva do país. De um modo geral, o que vai ficar dessa Copa é a imagem da polícia.

Apesar do cartão de visitas não ter sido o melhor, Ancelmo fez questão de elogiar a organização e a atmosfera dentro dos estádios. O jornalista destacou que boa parte da torcida que vem comparecendo nos estádios para ver os jogos da competição é formada por pais e filhos, criando um ambiente mais tranquilo e simpático.

- Ainda assim, é importante separar o que vem acontecendo dentro e fora dos estádios. Na hora do jogo, a gente tá bem. Dentro dos estádio até agora tem sido uma delícia. Estádio cheios, clima de família…

confronto polícia torcida castelão manifestação (Foto: Vanderlei Almeida/AFP)Confronto entre polícia e torcedores nos arredores do Castelão (Foto: Vanderlei Almeida/AFP)

Na visão do jornalista Xico Sá, o  futebol, considerado, às vezes, uma fonte de alienação, desempenha um papel importante nas recentes manifestações que buscam melhores serviços públicos no Brasil. O jornalista vê o esporte como fonte de inspiração para se exigir um país melhor.

- Eu acho um momento riquíssimo. Inclusive, a Fifa devia agradecer estar num país, num ambiente democrático, de reinvidicação. É um momento muito rico para nós brasileiros. Sempre o futebol foi tido como o ópio do povo pela esquerda, pela direita e por todo mundo, mas foi ele que despertou isso tudo. Claro que teve a passagem de ônibus, a realidade brasileira… Mas, hoje, quando se fala em protesto se pensa no tal do padrão Fifa. Os conceitos foram levados pelo futebol, que era o velho ópio do povo e não é mais.