quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Sem gastar com reforços, São Paulo recebe R$ 87,2 milhões por Lucas

Lucas na partida do PSG contra o Lekhwiya (Foto: Reuters)Lucas rendeu R$ 87 mi ao Tricolor  (Foto: Reuters)

A decisão do São Paulo de receber apenas em janeiro o dinheiro da venda de Lucas ao PSG, concretizada em agosto, é motivo de comemoração no clube. Graças à valorização do euro, em vez dos R$ 108,3 milhões iniciais, a transferência será concluída em R$ 116,2 milhões. O Tricolor tem direito a 75% desse valor, equivalente a R$ 87,2 milhões, que cairão de uma só vez nos cofres do Morumbi nesta primeira quinzena de janeiro. Mas se alguém espera que a fortuna fosse investida na contratação de jogadores, está muito enganado.

Os reforços garantidos até agora pelo São Paulo não tiveram altos custos. O zagueiro Lúcio rescindiu seu contrato com o Juventus (ITA). Já o atacante Aloísio teve seu vínculo encerrado com o Figueirense, e também negociou diretamente a diretoria paulista, que ainda recebeu Negueba por empréstimo de um ano. Em troca, cedeu sua parte dos direitos econômicos de Cleber Santana ao Flamengo. Outros dois jogadores próximos também não terão "preço de compra": o atacante Wallyson, livre do Cruzeiro, e o goleiro Renan Ribeiro, em fim de contrato com o Atlético-MG.

Na avaliação da diretoria, o fato de ter uma quantia substancial em caixa não obriga o São Paulo a gastar com novos jogadores. Não há relação direta. O presidente Juvenal Juvêncio vê o elenco praticamente completo para a disputa da próxima temporada e acha que novas aquisições podem até prejudicar o trabalho do técnico Ney Franco. No time que terminou 2012 como titular, atletas importantes como Ganso e Fabrício, por exemplo, não tinham espaço no time.

- Não é porque temos dinheiro que vamos deixar de seguir nossa política. Nunca contratamos ou deixamos de contratar por questões financeiras, o que é obstáculo é nossa política financeira rígida - afirmou o vice-presidente de futebol, João Paulo de Jesus Lopes.

Ganso, treino do São Paulo (Foto: Luis Pires / VipComm)São Paulo desembolsou R$ 16,5 milhões para
contratar Ganso (Foto: Luis Pires / VipComm)

Ao contrário do que ocorreu no início do ano passado, quando a diretoria tinha a intenção de reformular completamente o grupo, dessa vez vê a necessidade de alguns ajustes. No primeiro semestre de 2012, entre as contratações de Jadson, Cortez, Osvaldo e Rafael Toloi, o clube gastou quase R$ 30 milhões. Na última metade do ano, investiu R$ 16,5 milhões para tirar Paulo Henrique Ganso do Santos. O valor foi pago à vista por exigência do Alvinegro.

Por outro lado, um pouco antes, o São Paulo havia recebido R$ 17,9 milhões pelas vendas de Oscar para o Internacional, e depois do clube gaúcho para o Chelsea.

Sem pendências, o dinheiro que virá da França estará à disposição do clube para investir ao longo do ano. O time de futebol, os centros de treinamento, a área social e o Morumbi são destinos possíveis.

- O clube, como um todo, tem um planejamento de despesas e receitas, que entram todas num valor comum, e são distribuídas de acordo com o orçamento. Desde 2004, sempre terminamos o ano com superávit, e em 2012 isso ocorreu novamente, segundo relatório do nosso departamento financeiro. Por outro lado, não temos fins lucrativos, e não é inteligente terminar o ano com um superávit gigantesco, pois isso significa que você deixou de investir. Então, estamos sempre promovendo melhorias - disse o vice-presidente.

Outro temor de Juvenal Juvêncio com muitas contratações é inibir o surgimento de jovens revelados no CT de Cotia. O São Paulo gasta de seis a sete milhões de dólares por ano com a manutenção do local, e não pode tirar espaço dos jogadores das categorias de base. A venda de Lucas e a valorização de Wellington, ambos criados no clube, são exemplos.

A exceção deste início de 2013 deverá ser o chileno Eduardo Vargas. O Tricolor avançou na negociação para contratá-lo por empréstimo do Napoli, e deverá pagar por isso. O clube italiano deseja também que o salário do atacante seja bancado pelos brasileiros. Caso ele realmente seja confirmado, deverá ser o último reforço, ao menos para o início do ano.

Em negócios feitos "de graça", como os de Lúcio e Aloísio, o salário passa a ser a maior fonte de despesas. No caso do zagueiro, como seus direitos pertencem a ele mesmo, o São Paulo acaba diluindo um pagamento maior nos vencimentos mensais. Por isso, não gosta de dizer que contratou os atletas gratuitamente.

Eduardo Vargas na partida do Napoli (Foto: Getty Images)Para contratar Vargas, do Napoli, por empréstimo, São Paulo terá de efetuar pagamento  (Foto: Getty Images)