O comentarista da TV Globo Walter Casagrande esteve em Belo Horizonte para lançar seu livro, “Casagrande e seus Demônios”, onde fala de sua trajetória, não só dentro de campo, mas, sobretudo, em relação aos momentos críticos que viveu fora dele por causa da dependência química. Antes de conceder autógrafos aos fãs, o comentarista falou sobre o teor de seu livro, escrito em parceria com o amigo e jornalista Gilvan Ribeiro.
- O livro relata uma trajetória que teve derrotas. Eu fui derrotado, por isso fui internado para tentar me reerguer e tentar empatar esse jogo, porque o dependente químico tem um jogo eterno contra seu vício e você nunca vai sair vencendo. O importante é empatar e consegui manter esse empate até o fim da vida. Ele significa você conviver com essa dependência sem se envolver novamente com as drogas.
Casagrande lança o livro ao lado do co-autor, o jornalista e amigo Gilvan Ribeiro (Foto: Léo Simonini)
Questionado se poderia ser considerado um exemplo de superação, Casagrande fez questão de refutar a ideia e afirmou ser apenas mais num entre milhares de brasileiros nesta situação.
- Não sou exemplo, sou uma pessoa que luta contra a dependência, assim como existem milhares no Brasil. Não sou exemplo para ninguém, até porque se eu fosse não passaria pelo que passei, sou uma pessoa que luto diariamente para ter uma vida legal, conseguir viver de uma maneira decente. Acho que vale a pena ressaltar minha luta e não me considerar exemplo ou vencedor.
Além de falar sobre o livro, o ex-jogador também comentou sobre o clássico brasileiro da Libertadores, envolvendo Atlético-MG e São Paulo. A primeira partida será na quinta-feira, dia 2 de maio, no Morumbi. Casão acredita que o Galo vacilou em permitir a classificação paulista, quando o Tricolor venceu por 2 a 0, mas ressaltou o fato de o time mineiro estar jogando o melhor futebol da competição.
- O Atlético-MG deveria ter feito mais do que fez no Morumbi para tentar eliminar o São Paulo. O São Paulo é um time de chegada, tricampeão da Libertadores e do Mundo, e sabe como jogar esse campeonato. O Atlético-MG é o melhor time da Libertadores, que fez mais pontos e o que joga melhor, de verdade. Só que agora é mata-mata e uma derrota você cai fora. Se o resultado no Morumbi se repetir, fica difícil reverter.
Com tantas possibilidades, o comentarista prefere não apostar num favorito, mas lembra que a postura do Atlético-MG tem tudo para ser completamente diferente da que foi adotada no último encontro entre as equipes.
- Não aposto, o duelo é igual, mas depende muito do resultado no Morumbi e de como o Atlético-MG vai encarar esse jogo. Porque, querendo ou não, o time chegou ao Morumbi daquela vez já classificado, com a melhor campanha e isso, psicologicamente, tem influência no jogador.
Dupla autografa exemplares durante o lançamento numa livraria de BH (Foto: Léo Simonini)
Recuperação do Cruzeiro
Após falar das possibilidades do encontro entre mineiros e paulistas, Casagrande também comentou sobre o bom momento que vive o Cruzeiro, em contrapartida do que a equipe apresentou nas últimas temporadas. Para ele, a evolução do arquirrival fez com que o time celeste se mexesse.
- O sucesso do Atlético-MG desde o ano passado fez bem para o Cruzeiro, fez com que o clube se mexesse e se reformulasse porque não funcionava mais. Ultimamente o time vinha jogando para fugir do rebaixamento e essa não é a realidade do clube, que sempre briga por título. Parece que a direção começou a se mexer para ter um time forte novamente.