sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Fluminense 2 x 1 São Paulo: em sua única chance na partida, Fred decide o jogo

Fluminense e São Paulo entraram no gramado de São Januário com objetivos parecidos: enquanto o tricolor carioca queria se manter na caça aos líderes Atlético-MG e Vasco, o time de São Paulo buscava subir mais alguns degraus na tabela de classficação e se colocar de vez no rol dos clubes candidatos a uma das vagas para a Copa Libertadores do ano que vem.

Além das pretensões semelhantes e das três cores nos uniformes, os times de Abel Braga e Ney Franco também partilhavam a angústia dos desfalques: se o clube das Laranjeiras não contava com o maestro Deco e o sempre participativo Wellington Nem, o time do Morumbi não contou com Lucas, ainda na Seleção Olímpica, e Luis Fabiano, artilheiro da equipe no Brasileirão, dentre outros desfalques. Mesmo com significativas ausências, o Fluminense conseguiu ir a campo numa estrutura tática semelhante à utilizada ao longo do ano, com dois volantes, dois meias, um atacante de canto e um centroavante. Já o São Paulo optou por um 3-6-1, com Ademilson isolado no ataque, e Cícero e Jadson encostando no jovem atacante paulista.

Se falta criatividade, o caminho do gol é pelo ar

Os times brasileiros tem padecido numa espécie de deserto tático. Está cada vez mais difícil encontrar um time que não utilize mão de um 4-4-2 com um volante de marcação e um de saída de bola, dois armadores que pouco dialogam em campo, e um atacante que cai pelas beiradas do campo, com um centroavante à espera de uma aproximação ou uma bola espirrada na área. Os times que tem se sobressaído no Brasileirão são aqueles que conseguem dar uma variação tática dentro da partida, ou contam com craques capazes de decidir o jogo em apensa uma bola. O Fluminense, detentor de uma verdadeira constelação do meio pra frente, com nomes da estirpe de Deco, Thiago Neves e Fred, é um dos times que conseguem se destacar, ao lado de Atlético-MG e Vasco.

 O São Paulo, nos primeiros minutos, tentou fugir dessa lógica que tem imperado no futebol brasileiro, e conseguiu prender o Fluminense no seu campo de defesa. Os meias não tinham espaço para buscar as jogadas, e as subidas dos laterais foram bloqueadas pelo avanço dos alas do São Paulo. Entretanto, o time de Ney Franco não teve o "algo mais" capaz de transformar a maior posse de bola em vantagem no marcador. A eficiência do esquema tático de Ney Franco foi limitada ao aspecto defensivo, e não durou tanto como se esperava.

 Assim, o Fluminense começou a impor seu ritmo de jogo e tocar a bola no meio campo, mas faltava uma aproximação entre seus jogadores de meio para tentar envolver o São Paulo, que fez uma verdadeira barreira em sua intermediária. Num jogo truncado no meio campo, as melhores chances da primeira etapa sairam de cobranças de falta. Primeiro, Rogério Ceni arrancou suspiros de alívio dos tricolores cariocas ao mandar a bola perto do travessão, aos 28 minutos.

Aos 36, Thiago Neves cobrou falta da intermediária e Leandro Euzébio apareceu na frente de Rogério Ceni. Um toque leve de cabeça foi suficiente para movimentar as redes e o placar: 1x0 Fluminense. O troco do São Paulo veio na mesma moeda: aos 44 minutos, Jadson cobrou falta na cabeça de Cícero. Livre, o meia testou no canto de Diego Cavalieri, que nada pode fazer para evitar o empate. O autor do gol, em respeito à bonita história construída no Fluminense especialmente na Libertadores de 2008, não comemorou o tento marcado.

Discreto no primeiro tempo, Fred só precisa de cinco minutos para "pegar" o São Paulo

 A grande diferença do Fluminense para os outros times é a presença de Fred no seu ataque. E a torcida do Fluminense sempre anuncia, quase num alerta aos adversários: se vacilar, " o Fred vai te pegar". Se no primeiro tempo ele não finalizou e só foi notado na hora do cara ou coroa antes do jogo, no segundo tempo ele só precisou de 5 minutos para resolver o jogo: Cortês vacilou na saída de bola e perdeu para Wallace, que tocou para Jean. O volante cruzou na medida para o camisa 9 do tricolor carioca, que se posicionou por trás dos 3 zagueiros são paulinos e cabeceou com a categoria que lhe é típica, jogando a bola no contrapé de Rogério Ceni. Belo gol, e 2x1 Fluminense no placar. Com esse gol, Fred se igualou a Alecsandro na artilharia do Brasileirão,com 8 gols.

Dois minutos depois, Wagner recuperou outra bola na saída de jogo do São Paulo e tocou para Fred dentro da área. Mostrando que não é fominha, o camisa 9 rolou devolveu para o meia, que chutou prensado. Cortês, Rogério Ceni e João Felipe se atrapalharam, a bola espirrou e ficou a feição para Thiago Neves na entrada da área, que bateu firme e jogou por cima. Antes dos 15 minutos Fred sentiu, e a comissão técnica preferiu tirá-lo do jogo, visando os importantes confrontos das próximas rodadas.

O São Paulo bem que tentou nos minutos iniciais, mas o Fluminense foi irresistível no começo da segunda etapa, especialmente com o bom momento que Wagner e Jean viveram nos primeiros minutos. Mas aos 22, no embalo do talento de Douglas, o time de Ney Franco quase empatou: o jovem lateral direito fez bom lance e cruzou rasteiro. Jadson apareceu como elemento surpresa na área e tocou de letra, tirando tinta da trave de Diego Cavalieri. Em seguida, o Fluminense soube administrar o resultado com tranquilidade, e ainda houve tempo para o retorno de Diguinho aos gramados, aos 27 minutos.

Faltando 3 minutos para o fim, Jadson obrigou Cavalieri a fazer boa defesa em chute forte da entrada da área, mas foi só. O Fluminense segue sua caçada atrás de Atlético-MG e Vasco, e freia a jornada do São Paulo rumo a uma vaga no grupo dos quatro primeiros colocados do Brasileirão.